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Carta aberta

  • Foto do escritor: Rennan Leta
    Rennan Leta
  • 18 de mar. de 2019
  • 2 min de leitura

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"Meus fiéis, aqui quem vos fala sou Eu. Eu que morri por vós, que não permiti que atirassem pedras em uma mulher quando todos a julgaram ser errada, que propaguei o amor incondicionalmente. Sim, eu amei até os que eram contrários a mim. Venho dizer que ando muito decepcionado. Eu disse a Pedro para prosseguir, através da Igreja, aquilo que iniciei. Nunca me faltou humildade, nunca me faltou amor. Olhem para minha imagem, jogado, sozinho. É como estou me sentindo agora. O trabalho que muitos vêm fazendo, propagando o meu nome, não me causa orgulho. Injustiça, preconceito, falta de amor e, principalmente, ferindo o livre arbítrio que tanto sofri para que tivessem. Olhem o que o preconceito e intolerância religiosa fizeram comigo! Ou vocês estão esquecidos? Fui perseguido, humilhado, caluniando, injustiçado. Tudo por pregar e levar palavras contrárias às de quem tinha o poder. Parece que tudo o que sofri foi em vão. Vocês não aprenderam nada! Quantos corpos na fogueira jogaram... Eu não gostei daquilo. Sabe aquelas pessoas que compraram um lugar aqui onde estou? Não as vejo em parte alguma. Pois eu não mandei nem ensinei que o vendessem. Parece também que vocês esqueceram que sou onipresente. Me viram e me sentiram em muitos lugares pelo mundo. Mas eles não falavam a mesma língua que vocês e me chamaram de Oxalá. Ainda assim eu os amei. Ainda assim eles rezaram para mim. Eu não ligo para o jeito me agradecem. Eu sequer ligo para o jeito que me chamam. Mas dou muito valor, sim, ao que ensinei: amar-vos uns aos outros. E vocês, que dizem ser meus mais fiéis seguidores, não o estão fazendo. Eu não fico feliz quando vocês apontam e recriminam quem pensa de outro jeito. Eu não fico feliz quando apedrejam alguém que veste roupa branca. Eu vivia de roupa branca... Eu fico muito feliz, sim, quando vejo vocês fazendo o bem, amando e ajudando. Eu abençoo todos aqueles que pedem, independente de quem for. Eu perdoo todos os erros, não importa qual seja. Repensem tudo aquilo que vos ensinei, pois vocês estão fazendo tudo errado. Sempre com amor,

INRI CRISTO"


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Sobre o escritor

Nascido em 10 de junho de 1995 no Rio de Janeiro.

Poeta, escritor, slammer e estudante de jornalismo. Autor do livro Palavras do Mundo (2017), organizador do Sarau do Topo e criador do projeto social Favela em Desenvolvimento - ambos na comunidade Mata Machado, onde mora.

Colunista no Voz das Comunidades desde dezembro de 2017, passagem pelo Jornal da Barra e Boletim Comunitário (UCAM).

Bicampeão do Slam Favela, campeão do Slam Trindade, do Slam Vila Isabel e do Haicai Combat.

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