A rua escura
- Rennan Leta
- 12 de dez. de 2017
- 1 min de leitura
Atualizado: 12 de mar. de 2019

A rua escura dava o tom de medo
23h, beira da favela
Tá ligado qual é o enredo
Eu andando sozinho...
Sozinho não! Com Exu
Ele quem toma conta
De todo o meu caminhar
Olhando de ponta a ponta
Porque ele sabe que por qualquer coisa
Me tiram como errado e logo o fuzil se aponta
Na mesma calçada ele vem
O doutor do bairro nobre
Eu não sei, porém
O que a essa hora ele faz no bairro pobre
Eu, tranquilo, sigo andando
Ele, aflito, pisa forte o chão
Pra mim, isso é cotidiano
Pra ele, puro momento de tensão
Eu paro por um segundo
Ele me olha assustado
Eu então respiro fundo
E efetuo o disparo
POW POW POW
Lanço minha melhor linha
POW POW POW
Rajada de poesia
Quebro o clima
Dá pra ver no olho dele a surpresa
Também vi em sua mão, calibre 38 em porte para sua defesa
É que cada um saca aquilo que tem
Eu sou feito de rimas
Ele da violência é refém
Eu agrido em forma de sílabas
Normalidade onde moro
À noite ser rotulado
Por polícia e por qualquer engravatado
Hoje pra minha sorte
Ele entendeu o recado
Senão amanhã era noticiada mais uma morte
E eu seria mais um da favela forjado.
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