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A rua escura

  • Foto do escritor: Rennan Leta
    Rennan Leta
  • 12 de dez. de 2017
  • 1 min de leitura

Atualizado: 12 de mar. de 2019



A rua escura dava o tom de medo

23h, beira da favela

Tá ligado qual é o enredo

Eu andando sozinho...

Sozinho não! Com Exu

Ele quem toma conta

De todo o meu caminhar

Olhando de ponta a ponta

Porque ele sabe que por qualquer coisa

Me tiram como errado e logo o fuzil se aponta

Na mesma calçada ele vem

O doutor do bairro nobre

Eu não sei, porém

O que a essa hora ele faz no bairro pobre

Eu, tranquilo, sigo andando

Ele, aflito, pisa forte o chão

Pra mim, isso é cotidiano

Pra ele, puro momento de tensão

Eu paro por um segundo

Ele me olha assustado

Eu então respiro fundo

E efetuo o disparo

POW POW POW

Lanço minha melhor linha

POW POW POW

Rajada de poesia

Quebro o clima

Dá pra ver no olho dele a surpresa

Também vi em sua mão, calibre 38 em porte para sua defesa

É que cada um saca aquilo que tem

Eu sou feito de rimas

Ele da violência é refém

Eu agrido em forma de sílabas

Normalidade onde moro

À noite ser rotulado

Por polícia e por qualquer engravatado

Hoje pra minha sorte

Ele entendeu o recado

Senão amanhã era noticiada mais uma morte

E eu seria mais um da favela forjado.

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Sobre o escritor

Nascido em 10 de junho de 1995 no Rio de Janeiro.

Poeta, escritor, slammer e estudante de jornalismo. Autor do livro Palavras do Mundo (2017), organizador do Sarau do Topo e criador do projeto social Favela em Desenvolvimento - ambos na comunidade Mata Machado, onde mora.

Colunista no Voz das Comunidades desde dezembro de 2017, passagem pelo Jornal da Barra e Boletim Comunitário (UCAM).

Bicampeão do Slam Favela, campeão do Slam Trindade, do Slam Vila Isabel e do Haicai Combat.

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